Pular para o conteúdo
cesto de para lixo que não pode ser reciclado
cesto de para lixo que não pode ser reciclado

29 de set. de 2025

29 de set. de 2025

Casa Ingapura: Vivendo a Sustentabilidade Além da Superfície

Casa Ingapura: Vivendo a Sustentabilidade Além da Superfície

No turismo, ficou fácil pintar de verde a superfície das coisas. Um selo, uma lixeira colorida, uma palavra de efeito e de repente um negócio se diz “sustentável”. Esse é o greenwashing: quando a sustentabilidade vira marketing, não prática. Conforta o viajante, mas trai a terra. E em paisagens frágeis como os Lençóis Maranhenses, essa ilusão tem um custo alto.

Em Barreirinhas e Atins, a contradição é clara. De um lado, “ecoturismo” no cartaz que atrai o mundo. Do outro, o lixo que se acumula nas dunas, nos manguezais e nas ruas, porque a gestão de resíduos não acompanha o crescimento. É nesse choque entre beleza e descuido que a comunidade pergunta: que turismo queremos construir? Vamos aceitar a maquiagem verde ou enfrentar os desafios de frente, com honestidade e responsabilidade?

No turismo, ficou fácil pintar de verde a superfície das coisas. Um selo, uma lixeira colorida, uma palavra de efeito e de repente um negócio se diz “sustentável”. Esse é o greenwashing: quando a sustentabilidade vira marketing, não prática. Conforta o viajante, mas trai a terra. E em paisagens frágeis como os Lençóis Maranhenses, essa ilusão tem um custo alto.

Em Barreirinhas e Atins, a contradição é clara. De um lado, “ecoturismo” no cartaz que atrai o mundo. Do outro, o lixo que se acumula nas dunas, nos manguezais e nas ruas, porque a gestão de resíduos não acompanha o crescimento. É nesse choque entre beleza e descuido que a comunidade pergunta: que turismo queremos construir? Vamos aceitar a maquiagem verde ou enfrentar os desafios de frente, com honestidade e responsabilidade?

Foto da jornalista Suzana Camargo mostrando a mistura de lixo com a poluição marinha

Foto da jornalista Suzana Camargo mostrando a mistura de lixo com a poluição marinha

Quotation Mark
"Isso mostra que no mar não existem fronteiras. Um resíduo da África que não teve a destinação correta pode acabar aqui na nossa região"
Quotation Mark
"Isso mostra que no mar não existem fronteiras. Um resíduo da África que não teve a destinação correta pode acabar aqui na nossa região"

A Casa Ingapura, no povoado ribeirinho do Bar da Hora, nasceu como resposta a essas perguntas.

Aqui, sustentabilidade não é performance, é prática cotidiana. Fazemos compostagem, reciclamos, separamos o lixo para que o que consumimos não volte como poluição. Nosso telhado, feito de materiais reciclados e palha natural, refresca o ar sem gasto excessivo de energia. O sistema de biodigestão devolve a água cinza limpa para a terra. No quintal, cresce o capim nativo — nada de gramado de resort, mas um verde honesto, que pede até 80% menos água e floresce sozinho na época das chuvas. Dentro de casa, usamos lâmpadas de LED e ar-condicionado com tecnologia inverter, que consome menos energia e reduz o impacto ambiental sem abrir mão do conforto.

Mas a essência da Casa Ingapura vai além das estruturas: é social. Empregamos moradores locais, apoiamos a creche que cuida das crianças do povoado e contribuímos para o Fundo Comunitário do Turismo. Mais que isso, abrimos espaço para que vizinhos possam receber viajantes diretamente — sem pagar comissão. Aqui, um pescador pode levar você de canoa ao amanhecer. Uma artesã pode lhe ensinar a tecer uma cesta com as próprias mãos. Uma família pode servir seus bolos caseiros. Essas não são experiências encenadas: são vidas partilhadas com dignidade.

E em tudo há respeito pela vida. O lagartinho na parede, o pássaro no jardim, o caranguejo que atravessa o caminho — nenhum é intruso. Não usamos veneno; convivemos. E nossos hóspedes descobrem que sustentabilidade começa nesses pequenos encontros.

A Casa Ingapura, no povoado ribeirinho do Bar da Hora, nasceu como resposta a essas perguntas.

Aqui, sustentabilidade não é performance, é prática cotidiana. Fazemos compostagem, reciclamos, separamos o lixo para que o que consumimos não volte como poluição. Nosso telhado, feito de materiais reciclados e palha natural, refresca o ar sem gasto excessivo de energia. O sistema de biodigestão devolve a água cinza limpa para a terra. No quintal, cresce o capim nativo — nada de gramado de resort, mas um verde honesto, que pede até 80% menos água e floresce sozinho na época das chuvas. Dentro de casa, usamos lâmpadas de LED e ar-condicionado com tecnologia inverter, que consome menos energia e reduz o impacto ambiental sem abrir mão do conforto.

Mas a essência da Casa Ingapura vai além das estruturas: é social. Empregamos moradores locais, apoiamos a creche que cuida das crianças do povoado e contribuímos para o Fundo Comunitário do Turismo. Mais que isso, abrimos espaço para que vizinhos possam receber viajantes diretamente — sem pagar comissão. Aqui, um pescador pode levar você de canoa ao amanhecer. Uma artesã pode lhe ensinar a tecer uma cesta com as próprias mãos. Uma família pode servir seus bolos caseiros. Essas não são experiências encenadas: são vidas partilhadas com dignidade.

E em tudo há respeito pela vida. O lagartinho na parede, o pássaro no jardim, o caranguejo que atravessa o caminho — nenhum é intruso. Não usamos veneno; convivemos. E nossos hóspedes descobrem que sustentabilidade começa nesses pequenos encontros.

O turismo será uma das grandes provas das mudanças climáticas. Feito sem cuidado, multiplica os danos. Feito com consciência, pode fortalecer a resiliência. Na Casa Ingapura, escolhemos o segundo caminho. E convidamos você a aprofundar essa reflexão: baixe o ensaio Mudanças Climáticas e Turismo, da professora Mônica de Nazaré Araújo, e junte-se à conversa sobre o futuro dos Lençóis Maranhenses.

Clique aqui e leia o artigo: https://docs.google.com/presentation/d/1Zr0Zc1_XkG3vjQGjqiSgmOPBs8DWZCLBxPRj9o0WFTk/edit?usp=sharing

A Casa Ingapura não é um resort. É um lar enraizado no Bar da Hora — onde sustentabilidade não é promessa vazia, mas prática viva. Onde cada estadia não deixa lixo, mas cuidado.

Autora: Maíra Matsui

O turismo será uma das grandes provas das mudanças climáticas. Feito sem cuidado, multiplica os danos. Feito com consciência, pode fortalecer a resiliência. Na Casa Ingapura, escolhemos o segundo caminho. E convidamos você a aprofundar essa reflexão: baixe o ensaio Mudanças Climáticas e Turismo, da professora Mônica de Nazaré Araújo, e junte-se à conversa sobre o futuro dos Lençóis Maranhenses.

Clique aqui e leia o artigo: https://docs.google.com/presentation/d/1Zr0Zc1_XkG3vjQGjqiSgmOPBs8DWZCLBxPRj9o0WFTk/edit?usp=sharing

A Casa Ingapura não é um resort. É um lar enraizado no Bar da Hora — onde sustentabilidade não é promessa vazia, mas prática viva. Onde cada estadia não deixa lixo, mas cuidado.

Autora: Maíra Matsui

Leia também

Leia também